Três noites
Deitado, degustando um Galak, pensando na minha amada e do nada sinto em meu peito dois corações.. Imediatamente me vem o pensamento: Enlouqueci de vez!! Comecei a tentar a controlar o coração que batia do lado direito, pois estava descompassado como se estivesse muito, mas muito feliz que fiquei contagiado com tanta felicidade.
O acalmei levando minhas mãos do lado direito do peito. Veio-me um sono incontrolável e quando me dei conta uma menininha de uns seis anos dizia: - Vem pai! Vem! - Eu fui.
Chegando na casa antiga de madeira e pedra tudo muito rústico quando escuto: Pai! Pai! Pai!
Olhei, era um piá com um sorriso grandão, a menina ruiva fala: - Vem Noah! Papai chegou!
Ganho um abraço tão apertado, daqueles de quem há tempos não me via e o amor desse abraço fez escorrer lágrimas que me faziam bem. Começo a olhar tudo à minha volta. Tudo tão diferente do lugar onde eu estava antes de ir dormir. Fico um pouco confuso, mas reconheço aquele lugar como meu lar. Mirei o olhar na porta, na janela e me vem a mais bela, o sorriso. Saio em disparada molhando o chão de lágrimas como se não a visse por vidas e ali está a mais bela, o amor das minhas vidas e nessa de nome Helena e eu Galeno e a menina ruiva Selena.
Nos arrumamos, fomos a igreja todos entusiasmados ao me ver, pois eu era uma alma de cura, conhecedor da flora e da fauna. Minha amada tocava órgão na igreja.
Voltamos para casa. Dominei a cozinha, assei batatas e codornas, ouvi as histórias sobre o tempo que estive fora, Noah e Selena querendo falar ao mesmo tempo. Após o almoço fomos para sala, brincamos com peão em um círculo tentando um jogar o do outro para fora do circulo, rimos muito.
Chegou a noite, levei os pequenos ao quarto contei uma história que inventei na hora. Rezamos, abençoei a noite de sono dos dois, dei um beijo na minha arteira Selena, outro no Noah, gosto de chamá-lo de sorriso.
Voltei para sala e me deparo com um olhar sorrindo, um beijo, as palavras certas ao ouvido, o olhar que diz tudo, aquela troca de carinho e tesão mútuo por horas. A amei sem limites.
Minha amada de todas as vidas deita-se em meu braço, janela aberta e de cena uma colina, céu estrelado a energia no quarto era gigante como se resplandecesse mais que a lua.
Minha amada Helena me olha e diz: -Te amo.
Dormi. Eu ali bem louco de feliz, fico ouvindo nossos corações em sincronia, fecho os olhos.
Acordo e de volta à realidade olho para o relógio, quatro da madrugada e a alegria era tanta que escorria pelos olhos. Coloquei a cabeça no travesseiro fiquei a namorar o céu pela janela do quarto, quando sinto um um beijo abençoando meu dia. É Helena dizendo: Acorda... acorda!
Eu que é só preguiça chamo a Selena que vem de cabelos todo bagunçado com sua boneca de pano com a cara toda amassada. Noah tipo eu, todo largado, nem queria sair da cama, mas fomos vencidos por Helena.
Fui até a janela do quarto, meu cavalo baio em alegria vem resmungando. Dou-lhe dois torrões de açúcar e Noah já vem no meu colo e se apega a acariciar o baio no centro da testa. Helena chama para o café. O baio num piscar de olhos vai até a janela da cozinha, Helena vai até ele com um torrão de açúcar e pergunta ao baio se ele havia ganhado um torrão de açúcar. Ele resmunga, faz com a cabeça dizendo que não, imitando a Selena que na mesa fazia sinal de não com a cabeça, o malandro do baio ganha mais um torrão e sai em disparada tomar água.
Helena senta na mesa, nos alimentamos em silencio, assim que terminamos o café, Selena toda tagarela falando sem parar, muito curiosa cheia de porquês.
Eu a paz em vida lhe dou todas as respostas sem pestanejar. Noah agarrado na mãe, o som do piano se mistura ao dos pássaros. Do nada acordo na realidade. Já fico revoltado, pois a realidade vem judiando, o dia se arrasta pra passar. Eu fico no desejo que o dia passe, anoiteça e o sono venha para que eu saia da realidade e vá para vida no sonho onde vou entender que vida está a acontecer.
Organizo a casa, arrumo o quintal, dou aquela faxinada, e nada... O dia se arrasta, vou ficando ansioso, mato um frango, limpo, invento de fazer polenta para o jantar. Quando me dou conta cinco horas da tarde, vou para cozinha, resolvo fazer um bolo prestígio... e as horas se arrastam só para me irritar.
Anoitece, vem novela, vem jornal, vem novela, vem jornal, vem novela de novo e o tempo de sacanagem comigo! Já comi quase o bolo todo. Vou pra cozinha e me deparo com uns quatro maracujás, fervo a água, faço uma fusão que nem era "sossega leão," era "sossega tiranossauro." Capotei, acordei, capotei, acordei suando passando mal de tanto que comi, estava até suando, quase passando direto pelo sonho, caindo no pesadelo, eu já nem queria dormir, mas capotei de novo.
Acordo às quatro da madrugada, pensando na minha amada, vou caindo no sono e volto a outra vida já dou de cara com a Selena que eu nem sei como fez para montar no baio no pelo. Fiquei a imaginar como com seus seis anos, minha arteira fez para montar no baio, mas nem questionei, a deixei com seu segredo.
Pelo som do piano Noah está tocando, pelo cheiro, pão assando, dou a volta na casa vou em direção ao forno vejo a beleza em vida. A mulher que amo cantarolando, eu chego na malícia com um eu te amo, um olhar bem safado que diz: "a noite." Recebo um sorriso, vou ordenhar as ovelhas, as vacas não sei viver sem queijo e fico a namorar minha gata amada a cantarolar. Abro um sorriso por ser o homem mais sortudo do mundo, por ser amado por tão doce simples e esperta. Amo demais, impossível viver sem essa minha amada. Faço qualquer coisa por ela.
Permaneço ali a namorar ela com os olhos, com o pensamento e não me aguento, a tomo um beijo a pego nos braços, dois corpos em puro fogo e o incêndio foi no celeiro em cima do feno e após a acalmada do incêndio, vamos para um banho na lagoa, agora já com as crianças, naquela bagunça. Depois da farra fizemos silêncio para pegar na lagoa nosso almoço, e assim foi...
Voltamos para casa, assamos o peixe, nos deliciamos e caímos no sono.
Quase anoitecendo, sentamos na varanda virada para o oeste ver o sol se por. Tudo fica perfeito, o som dos pássaros, a assovio do vento, as crianças a dar tchau ao sol.
Logo chega a primeira estrela, a segunda, corremos para o jardim do outro lado da casa e lá vem a encantadora lua, do lado leste, gigante, redonda, meio alaranjada Helena toca uma música que vai lá na alma, todos quietos, a lua vai passeando no céu, as estrelas aparecem todas.
Vem a fome, faço um café, pão feito no dia, salame, queijo. Minha amada sai do piano, nos alimentamos em silêncio. Após o café noturno, tipo com fome e preguiça de cozinhar, começa a conversa, depois na hora de brincar Noah vem com o jogo de trilha, ali sofro na habilidade de Helena. Não ganho uma e tudo vira risada, a hora passa vem o sono, nem fomos para cama, ficamos ali mesmo, todos ali na sala largados.
Me dou conta, volto a realidade, minha mãe me acorda:- Filho! Filho! Está tudo bem? Tu está rindo alto!
Eu a olho com um olhar de --- poxa mãe!! --- Roubou minha brisa! Eu estava num sonho tão bom que nem queria mais acordar. Minha mãe manda um: - "Se liga": - Oito da manhã! Vai caçar o que fazer!
Eu vou, mais que rápido, não via a hora de dormir de novo, pois para mim a vida acordado estava sem graça. Subo no telhado pego a lavar a caixa d'água, depois calçada, lavei até tênis que nem usava mais, tirei e lavei cobertor, peguei de lavar janelas, quase acabei com a água do mundo, peguei de fazer o jantar, fiz pudim, comi mais de leve que na noite passada onde quase que passei direto pelo sonho e cai no pesadelo, tomei uma infusão de maracujá.
Foi vindo o sono e já fui ouvindo a voz das crianças bagunçando, sigo na direção, subo o morro e a arteira da Selena havia amarrado uma corda no baio e a outra ponta em um pedaço de tábua e estava os três na bagunça, a Selena, o Noah e o baio que malandro os puxava na velocidade de aventura, mas sem perigo.
Eu a imaginar como aquela pequena de seis anos havia feito aquela proeza e já me veio o pensamento "tô pego" com essa minha filha, vai me dar trabalho.
E assim que o baio me vê e vem em minha direção morro acima, a tábua dando uma inclinada para trás o baio olha para trás, percebe e dá uma puxada forte e lá se foram as crianças rolando, nem rolou lágrimas, só risadas. O baio vem e esfrega sua testa em minha barriga, sento no chão, ele deita com a cabeça no meu colo, as crianças num pega, não pega correndo morro acima.
Meu coração acelera num ritmo gostoso, é minha amada chegando, o baio levanta. Minha Helena me pega na mão, saímos a caminhar. Helena gruda na minha mão e Noah na de Helena e a Selena nos guia, aonde a vida no sonho recomeçou. Chegando lá, Helena, Selena e Noah e até o baio de boa como se não houvesse uma luz ali. Eu sem entender me aproximo e não consigo e me ajoelho. Na hora senti uma vontade gigante de reverenciar algo tão poderoso que fazia bem. Helena vem e se ajoelha ao meu lado me dá um sorriso, segura minha mão e diz: - Vamos pra casa.
Eu sem querer entender, pois olho pra trás e digo: -Mas e as crianças?
Selena diz: -Pai vai que logo chegamos.
Noah corre nos abraçar.
Helena segura forte em minha mão e a luz segura as crianças na mão, as vejo indo e a luz diz: - Fecha os olhos e conta até três.
Assim fiz e quando me dei conta estava deitado com um chocolate Galak derretendo na mão e uma sensação de paz no coração, uma fé gigante na razão.
Desligo a televisão, me viro e durmo em paz, pois esta tudo bem..
